Data: 06/04/2023

A dor nas costas (lombalgia) ocorre frequentemente na região lombar inferior, enquanto que a lombociatalgia é a dor lombar que se irradia para uma ou ambas as nádegas e/ou para as pernas na distribuição do nervo ciático.
São problemas de saúde extremamente comuns, sendo o segundo motivo mais frequente de consultas médicas gerais, com grande impacto na qualidade de vidas das pessoas (65% a 80% da população mundial desenvolvem lombalgia durante a vida) .
A dor lombar representa a segunda causa de licença médica para afastamento do trabalho e a principal doença relacionada à incapacidade de pessoas com menos de 45 anos de idade. Existem situações que merecem atenção especial para avaliação médica de imediato:

      • Duração da dor por mais de 6 semanas

      • Dor intensa e não melhora com repouso.

      • Dor irradiada para uma ou ambas as pernas, especialmente se a dor for abaixo do joelho.

      • Causa fraqueza, dormência ou formigamento em uma ou ambas as pernas.

      • Está associada com perda de peso inexplicável, problemas intestinais ou da bexiga.

      • Está acompanhado de febre.

      • Dor forte depois de uma queda, golpe nas costas ou outra lesão.

    Causas

    As causas de lombalgia (dor nas costas) são várias e dependem do envolvimento das estruturas da coluna vertebral. Nem sempre há alterações evidentes nos exames de imagem:

        • Tensão muscular ou ligamentar: O levantamento de peso repetido ou um movimento súbito desajeitado pode sobrecarregar os músculos das costas e os ligamentos da coluna vertebral. Para pessoas em más condições físicas, a tensão constante nas costas pode causar espasmos musculares dolorosos.

        • Discos abaulados ou rompidos: Os discos atuam como almofadas entre os ossos da coluna vertebral. O material macio dentro de um disco pode inchar ou romper e pressionar um nervo. No entanto, um disco protuberante ou rompido pode não causar dor nas costas. A doença do disco é frequentemente encontrada em radiografias da coluna, tomografias computadorizadas ou ressonâncias magnéticas feitas por outro motivo.

        • Artrite: A osteoartrite pode afetar a parte inferior das costas. Em alguns casos, a artrite na coluna pode levar a um estreitamento do espaço ao redor da medula espinhal, uma condição chamada estenose espinhal (canal estreito da coluna) .

        • Osteoporose: As vértebras da coluna podem desenvolver rupturas dolorosas se os ossos se tornarem porosos e quebradiços.

      Causas de dor nas costas

      Alterações degenerativas da coluna lombar

      7 Fatores de risco mais frequentes

      Qualquer pessoa pode desenvolver dor nas costas, até mesmo crianças e adolescentes. Esses fatores podem aumentar o risco de desenvolver dor nas costas:

          • Idade: A dor nas costas é mais frequente em populações a partir dos 30 ou 40 anos.

          • Falta de exercício: Músculos fracos e não utilizados nas costas e no abdômen podem causar lombalgia.

          • Excesso de peso: O excesso de peso corporal sobrecarrega a coluna, acarretando dores mais frequentes.

          • Doenças: Alguns tipos de artrite e câncer podem contribuir para dores lombares

          • Levantamento impróprio: Posturas inadequadas (viciosas) e levantamentos antiergonômicos.

          • Condições psicológicas: Pessoas propensas a depressão e ansiedade parecem ter um risco maior de dor nas costas. O estresse pode causar tensão muscular, o que pode contribuir para lombalgia.

          • Fumar: Fumantes têm taxas aumentadas de dor nas costas. Isso pode ocorrer porque fumar causa tosse, o que pode levar a hérnia de disco. Fumar também pode diminuir o fluxo sanguíneo para a coluna e aumentar o risco de osteoporose.

        Fatores de risco de dor nas costas

        Prevenção (4 medidas mais importantes)

        Melhorar a condição física e aprender e praticar como usar o corpo pode ajudar a prevenir dores nas costas. Para manter a coluna saudável, algumas atitudes e posturas são importantes:

            • Exercício: Atividades aeróbicas regulares de baixo impacto – aquelas que não forçam ou sacodem as costas – podem aumentar a força e a resistência nas costas e permitir que os músculos funcionem melhor. Caminhar, andar de bicicleta e nadar são atividades benéficas para a prevenção de lombalgias.

            • Construir força muscular e flexibilidade: Os exercícios abdominais e musculares das costas, que fortalecem o tronco, ajudam a condicionar esses músculos para que trabalhem juntos para sustentar as costas.

            • Manter um peso saudável: Estar acima do peso sobrecarrega os músculos da região lombar

            • Parar de fumar: Fumar aumenta a possibilidade de dor lombar. O risco aumenta com o número de cigarros fumados por dia.

          Diagnóstico

          A dor nas costas deve ser avaliada através de exame clínico enfatizando o seu tempo de instalação, intensidade (fatores desencadeantes ou agravantes) e características atípicas da dor. Devem ser testados sensibilidade, força e reflexos. Se houver deficits neurológicos ou se os sintomas persistirem por > 6 semanas, devem ser realizados exames de imagem (tomografia computadorizada e ressonância nuclear magnética) para avaliações estruturais (hérnias discais, tendões, ligamentos, músculos, artroses de coluna, dentre outras alterações) e eletrodiagnóstico (eletroneuromiografia).

          Ressonância magnética de coluna lombar

          Tratamento (4 pilares essenciais)

          O tratamento para dor nas costas baseia-se em 4 intervenções principais de acordo com o início de instalação da dor, intensidade, frequência e deficits neurológicos associados

              • Atividades conforme tolerado, analgesia e algumas vezes fármacos que aliviam a dor neuropática

              • Fisioterapia

              • Terapias percutâneas (infiltrações, denervações facetárias ou rizotomia percutânea lombar)

              • Cirurgia para casos graves (deficits neurológicos associados)

            O alívio da lombalgia pode acontecer após 24 a 48 horas de repouso relativo em caso de dor aguda. Em caso de persistência da dor, o médico pode iniciar tratamento farmacológico incluindo analgésicos não opioides, tais como paracetamol, dipirona e anti-inflamatórios por tempo limitado e relaxantes musculares. Além disso, os sintomas podem melhorar com fármacos que diminuem a dor neuropática (neuromoduladores de dor, como gabapentina, pregabalina e antidepressivos).

            A fisioterapia para dor nas costas constitui um dos alicerces do tratamento e pode utilizar equipamentos específicos e alongamentos musculares para aliviar a dor, além de massagens para relaxar os músculos tensos e exercícios para corrigir a causa da dor, fortalecimento da musculatura paravertebral e reeducação postural.

            Fisioterapia para dor lombar

            Fisioterapia para dor lombar

            Em caso de lombalgias mais persistentes sem melhora sustentada com fisioterapia e tratamento medicamentoso, a terapia percutânea de dor (denervação facetária e rizotomia percutânea) pode ser empregada em casos selecionados.

            A denervação facetária por agentes químicos ou por radiofrequência (Rizotomia Percutânea) destina-se ao tratamento de síndromes facetárias causadas por doenças das articulações (facetas articulares) da coluna vertebral e que constituem uma das principais causas de dor lombar.

            São técnicas minimamente invasivas que envolvem a inserção de agulhas com soluções químicas como anestésicos e corticóides (Denervação Facetária) ou eletrodos de radiofrequência – impulsos elétricos controlados – (Rizotomia Percutânea) guiados por radioscopia (raio-x) sobre os nervos que transmitem a dor da articulação facetária doente na coluna vertebral. São procedimentos seguros realizados com o paciente sob sedação leve e anestesia local e com alta hospitalar poucas horas depois.

            Rizotomia percutânea lombar

            Rizotomia percutânea lombar

            Existem também indicações de tratamentos cirúrgicos específicos de dor lombar, como os exemplos abaixo:

                • Lombalgia devido doença degenerativa da coluna que não responde ao tratamento medicamentoso e fisioterápico otimizados após 6 semanas e/ou associado a deficit neurológico (principalmente fraqueza nos membros inferiores e incontinência urinária)

                • Hérnia de disco: se a dor lombar é causada por uma hérnia de disco que está comprimindo as raízes nervosas, a cirurgia pode ser necessária para remover a parte do disco que está pressionando os nervos.

                • Estenose do canal vertebral: se a dor nas costas é devida à estenose do canal vertebral, que é um estreitamento do canal vertebral que coloca pressão sobre a medula espinhal ou as raízes nervosas, a cirurgia pode ser indicada para aliviar a pressão.

                • Espondilolistese: se a dor lombar é consequente de espondilolistese, que é uma condição em que uma vértebra escorrega para a frente em relação à vértebra abaixo dela, a cirurgia é indicada para realinhar as vértebras e aliviar a pressão sobre os nervos.

                • Fratura vertebral: se a lombalgia é resultante de fratura vertebral, a cirurgia pode ser necessária para estabilizar a coluna vertebral e prevenir danos adicionais aos nervos.

                • Tumores: se a dor lombar é causada por um tumor na coluna vertebral, a cirurgia é indicada para remover o tumor e aliviar a pressão sobre os nervos.

              É importante ressaltar que cada caso deve ser avaliado individualmente pelo médico especialista em cirurgia da coluna vertebral para determinar a indicação e o tipo de cirurgia mais adequado.

              Dentre as modalidades de tratamento cirúrgico a técnica endoscópica é um dos procedimentos mais avançados sendo uma opção segura e eficaz para o tratamento de diversos problemas na coluna vertebral.

              A cirurgia endoscópica de coluna utiliza uma pequena câmera de alta definição e instrumentos cirúrgicos de ponta para acessar e tratar as estruturas da coluna vertebral por meio de pequenas incisões na pele. Dessa forma, essa técnica minimamente invasiva oferece muitos benefícios em relação às abordagens cirúrgicas convencionais, como uma recuperação mais rápida, menor risco de complicações e menor necessidade de analgésicos.

              Esta técnica é particularmente eficaz no tratamento de hérnias de disco, estenose do canal vertebral, espondilolistese e outras condições que afetam a coluna vertebral. Além disso, a cirurgia endoscópica de coluna pode ser realizada em pacientes de todas as idades, incluindo idosos e aqueles com condições médicas subjacentes.

              Outro benefício importante dessa técnica é a capacidade de realizar procedimentos em ambulatório, permitindo que os pacientes retornem para casa no mesmo dia da cirurgia e retomem as suas atividades normais mais rapidamente

               Endoscopia de coluna lombar

              Fontes: https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional